OCDA abre temporada 2007
Orquestra abre temporada 2007Este singelo concerto foi o esforço técnico-musical de uma orquestra acadêmica do Departamento de Artes da UFMT, composta por 22 músicos
Foi dada, de fato, a largada da Temporada de Concertos 2007 em Mato Grosso. Na quinta feira passada, a Orquestra de Câmara do Departamento de Artes da UFMT fez sua primeira apresentação do ano. A estréia foi no auditório do Instituto de Linguagens daquela universidade, que ficou lotado. Estudantes, professores e membros da comunidade ouviram a solista vinda de São Paulo, Profa. Teresinha Prada interpretar uma peça para violão solo de Heitor Villa-Lobos, a bela “Gavota-Choro”. Já agradou logo de cara.
Este singelo concerto foi o esforço técnico-musical de uma orquestra acadêmica composta por 22 músicos. Trata-se da única do gênero em nosso Estado. Ela é o laboratório de prática musical das disciplinas curriculares Regência III e IV, do curso de bacharelado em música do citado Departamento de Artes. No princípio do concerto, a diretora artística, professora Flávia Vieira, explicou que aquele concerto de câmara fora dedicado ao nosso maior compositor, Villa-Lobos. Também ressaltou que tal performance se inspirava no violão. Realmente a tônica da ‘premier’ foi dominada pelo instrumento, pois a segunda peça foi o Concerto de Antonio Vivaldi para alaúde e cordas. O solo ficou por conta do jovem acadêmico Air Filipe que, ao violão deu conta do recado, e esmerou-se em fraseados persuasórios.
Talvez o grande mérito da Orquestra de Câmara do Departamento de Artes seja constituir-se como uma ‘incubadora’ de jovens regentes e músicos. Elucida-se: cada movimento das peças é regido por um discente de música da UFMT. Os estudantes passam várias aulas se dedicando à estrutura, estilo e orquestração das obras propostas pela professora orientadora da cadeira de regência. Dessa forma, os acadêmicos Maurílio Souza e Grazielle Louzada conduziram a obra de Vivaldi. A seguir o estudante Vinicius Viana – tido como revelação da disciplina – regeu o Prelúdio n.º 02 para orquestra do brasileiro Cláudio Santoro. O “método Flávia Vieira” faz escola em Cuiabá.
Dando continuidade a atuação pública e gratuita, assistiu-se ao Concerto para violão e orquestra de Villa-Lobos com robusto solo do professor Bruno Pizaneschi, que fez bacharelado em violão em SP. De novo, cada movimento foi regido por um acadêmico como Thiago Sanches, Régis Nascimento e Cleiciano Pereira. Interessante que a apresentação obteve um excelente efeito de progresso constante na execução. Outro fator que chamou atenção dos presentes foi o fato de que os estudantes demonstravam absoluto domínio de seus nervos, tanto os ‘maestros-mirins’, quanto os músicos da orquestra.
Para encerrar foi executado um ‘hit’ da lavra do compositor brasileiro Guerra Peixe. Sob a batuta do sereno Régis Nascimento, ouviu-se a peça ‘Mourão’, inspirada em alegres motivos melódicos nordestinos. Mais do que celebrar o sentimento de academia vislumbrou-se a leitura de uma música legitimamente nacionalista a partir de expoentes como Santoro, Villa-Lobos e Guerra Peixe. Além disso, foi constatada a riqueza de um ambiente pedagógico apropriado, repleto de gestos nobres e cortesia entre seus membros.
O concerto também marcou a despedida da mestra em regência, Flávia Vieira que se licencia da UFMT para cursar o doutorado na Universidade de São Paulo. Seu sucessor na direção artística da aludida orquestra é Anderson Rocha, que fez mestrado em violino na ‘Louisiana State University’ (USA) e também é mestre em musicologia pela USP. Este goiano foi aprovado em recente certame público para integrar o corpo docente da UFMT. Rocha tem 02 CDs gravados pelo selo Paulus e foi o vencedor em música de câmara do III Concurso Nacional Souza Lima. Como se vê, a Orquestra de Câmara do Depto. de Artes está em excelentes mãos. Vamos acompanhar com grande expectativa sua trajetória autônoma como maestro e solista do violino em MT neste ano.
Fonte: Diário de Cuiabá
* Ney Arruda é professor, músico e advogado cuiabano (neyarruda@gmail.com)